Palestra de Antônio Cavalheiro |
O Museu do Tropeiro, em parceria com a Consultoria Estudos e
Projetos em Patrimônio Cultural, promove exposição de artefatos coletados em
sítios arqueológicos de Castro. A mostra, 'O Passado através dos vestígios
arqueológicos em Castro', pode ser visitada até dia 23 de maio, no Museu.
“É uma oportunidade de descobrir um pouco mais da história de Castro”, aponta a
coordenadora do Museu do Tropeiro, Amélia Podolan Flügel. As escolas e grupos
que têm interesse em conhecer os materiais, podem agendar visita ao Museu
através do telefone (42) 3906-2179.
A atividade integra as ações do Museu do Tropeiro durante a
Semana Nacional de Museus, que acontece anualmente para comemorar o Dia
Internacional de Museus (18 de maio), promovido pelo Instituto Brasileiro de
Museus (Ibram) e que neste ano tem como tema 'Museus: as coleções criam
conexões'.
A programação da Semana foi aberta na segunda-feira (13),
com palestra de Antônio Cavalheiro, historiador e mestre em Arqueologia da
Universidade de São Paulo (USP). O encontro, promovido no Teatro Bento
Mossurunga, reuniu estudantes de colégios de Castro, universitários e
profissionais ligados ao Turismo.
Na palestra, o arqueólogo abordou assuntos como Patrimônio
Cultural, o que é Arqueologia, assim como as características da arqueologia do
Brasil, Paraná e da região dos Campos Gerais, mais especificamente os vestígios
arqueológicos em Castro e Piraí do Sul.
Cavalheiro explica que os materiais que
estão expostos no Museu do Tropeiro foram descobertos durante o processo de licenciamento
de uma linha de transmissão de energia elétrica de alta tensão, que interligou
a Subestação Elétrica de Castro à Indústria Iguaçu Celulose S.A., em Piraí do
Sul, no ano passado. Até a concessão da Licença de Operação da Linha de
Transmissão, o trabalho teve três etapas: diagnóstico histórico-cultural e
arqueológico; prospecção arqueológica e resgate arqueológico.
“Para o Estudo de
Impacto Ambiental (EIA) realizamos o programa de prospecção arqueológica em
cada local onde seriam construídas as 65 torres. E, em quatro destas praças
encontramos sítios arqueológicos”, explica Cavalheiro. As escavações foram
realizadas em novembro e dezembro de 2013. Os sítios arqueológicos encontrados
foram do tipo cerâmico a céu aberto, três no município de Castro e um em Piraí
do Sul, denominados respectivamente de Vale Verde, Chácara São Cristóvão,
Leopoldina, SãoTomé e Campo do Piraí.
Sítios arqueológicos em Castro |
Conforme o arqueólogo, os materiais encontrados são de
origem da Tradição Itararé-Taquara. Os Itararé-Taquara são característicos das terras
altas do Sul do Brasil, ocorrendo do sul do Estado de São Paulo ao centro-norte
do Rio Grande do Sul, e são diretamente relacionados aos Kaingang, Xoklenge e
seus ancestrais – chamados muitas vezes de Coroados, Gualachos e Guainás. A
Tradição Itararé-Taquara é diagnosticada sobretudo por meio de sua cerâmica,
assinalada por vasilhames utilitários de pequenas dimensões e compostos por
paredes delgadas, superfícies alisadas e raramente decoradas. As vasilhas
apresentam corpo cônico, semi-elípticas, em meia-calota ou meia-esfera. Quanto
à forma, o tipo cônico é o mais comum. De forma geral, a decoração ou o
tratamento de superfície é representado pelo tipo liso com brunidura - processo
mecânico de polimento por abrasão, empregado no acabamento de peças.
“Os sítios São Cristóvão e Leopoldina, com datados entre 600
e 850 AP (antes do presente) – mostraram que eram eles que estavam na região de
Castro durante o contato com os europeus – em 1500 - e toda história colonial
que se desenvolveu durante os primeiros séculos de ocupação espanhola e
portuguesa no Paraná”, frisa o historiador.
Para ele, a recuperação destes vestígios salienta e
reconhece o potencial arqueológico da região de Castro, ainda muito pouco
estudado e colabora de maneira direta para a construção de um passado mais
amplo, abrangente e heterogêneo. “Desta forma, privilegiamos as 'vozes'
daqueles que, por muito tempo, foram silenciados, excluídos e colocados à
margem por discursos oficiais e etnocêntricos: as populações indígenas”,
completa.
PROGRAMAÇÃO SEMANA DOS MUSEUS
Memorial da Imigração Holandesa - 12/05 a 18/05 – 14
às 18 horas
VISITA GUIADA - visitas no final de semana, sexta a domingo,
ou grupos agendados durante a Semana. Será contada a história da imigração da
colônia e cooperativa. Visita à réplica de um moinho original, um dos maiores
do mundo.
Museu do Tropeiro
12/05 a 23/05 – 8 às 17 horas, no Museu do Tropeiro
EXPOSIÇÃO - A consultoria Estudos e Projetos em Patrimônio
Cultural realizará uma exposição dos artefatos coletados nos sítios
arqueológicos na região de Castro
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