sexta-feira, 16 de maio de 2014

Semana dos Museus em Castro



Palestra de Antônio Cavalheiro

O Museu do Tropeiro, em parceria com a Consultoria Estudos e Projetos em Patrimônio Cultural, promove exposição de artefatos coletados em sítios arqueológicos de Castro. A mostra, 'O Passado através dos vestígios arqueológicos em Castro', pode ser visitada até dia 23 de maio, no Museu. “É uma oportunidade de descobrir um pouco mais da história de Castro”, aponta a coordenadora do Museu do Tropeiro, Amélia Podolan Flügel. As escolas e grupos que têm interesse em conhecer os materiais, podem agendar visita ao Museu através do telefone (42) 3906-2179.

A atividade integra as ações do Museu do Tropeiro durante a Semana Nacional de Museus, que acontece anualmente para comemorar o Dia Internacional de Museus (18 de maio), promovido pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e que neste ano tem como tema 'Museus: as coleções criam conexões'. 

A programação da Semana foi aberta na segunda-feira (13), com palestra de Antônio Cavalheiro, historiador e mestre em Arqueologia da Universidade de São Paulo (USP). O encontro, promovido no Teatro Bento Mossurunga, reuniu estudantes de colégios de Castro, universitários e profissionais ligados ao Turismo. 

Na palestra, o arqueólogo abordou assuntos como Patrimônio Cultural, o que é Arqueologia, assim como as características da arqueologia do Brasil, Paraná e da região dos Campos Gerais, mais especificamente os vestígios arqueológicos em Castro e Piraí do Sul. 
Cavalheiro explica que os materiais que estão expostos no Museu do Tropeiro foram descobertos durante o processo de licenciamento de uma linha de transmissão de energia elétrica de alta tensão, que interligou a Subestação Elétrica de Castro à Indústria Iguaçu Celulose S.A., em Piraí do Sul, no ano passado. Até a concessão da Licença de Operação da Linha de Transmissão, o trabalho teve três etapas: diagnóstico histórico-cultural e arqueológico; prospecção arqueológica e resgate arqueológico.
“Para o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) realizamos o programa de prospecção arqueológica em cada local onde seriam construídas as 65 torres. E, em quatro destas praças encontramos sítios arqueológicos”, explica Cavalheiro. As escavações foram realizadas em novembro e dezembro de 2013. Os sítios arqueológicos encontrados foram do tipo cerâmico a céu aberto, três no município de Castro e um em Piraí do Sul, denominados respectivamente de Vale Verde, Chácara São Cristóvão, Leopoldina, SãoTomé e Campo do Piraí. 

Sítios arqueológicos em Castro


Conforme o arqueólogo, os materiais encontrados são de origem da Tradição Itararé-Taquara. Os Itararé-Taquara são característicos das terras altas do Sul do Brasil, ocorrendo do sul do Estado de São Paulo ao centro-norte do Rio Grande do Sul, e são diretamente relacionados aos Kaingang, Xoklenge e seus ancestrais – chamados muitas vezes de Coroados, Gualachos e Guainás. A Tradição Itararé-Taquara é diagnosticada sobretudo por meio de sua cerâmica, assinalada por vasilhames utilitários de pequenas dimensões e compostos por paredes delgadas, superfícies alisadas e raramente decoradas. As vasilhas apresentam corpo cônico, semi-elípticas, em meia-calota ou meia-esfera. Quanto à forma, o tipo cônico é o mais comum. De forma geral, a decoração ou o tratamento de superfície é representado pelo tipo liso com brunidura - processo mecânico de polimento por abrasão, empregado no acabamento de peças.

“Os sítios São Cristóvão e Leopoldina, com datados entre 600 e 850 AP (antes do presente) – mostraram que eram eles que estavam na região de Castro durante o contato com os europeus – em 1500 - e toda história colonial que se desenvolveu durante os primeiros séculos de ocupação espanhola e portuguesa no Paraná”, frisa o historiador. 

Para ele, a recuperação destes vestígios salienta e reconhece o potencial arqueológico da região de Castro, ainda muito pouco estudado e colabora de maneira direta para a construção de um passado mais amplo, abrangente e heterogêneo. “Desta forma, privilegiamos as 'vozes' daqueles que, por muito tempo, foram silenciados, excluídos e colocados à margem por discursos oficiais e etnocêntricos: as populações indígenas”, completa.

           

PROGRAMAÇÃO SEMANA DOS MUSEUS 

Memorial da Imigração Holandesa - 12/05 a 18/05 – 14  às 18 horas 

VISITA GUIADA - visitas no final de semana, sexta a domingo, ou grupos agendados durante a Semana. Será contada a história da imigração da colônia e cooperativa. Visita à réplica de um moinho original, um dos maiores do mundo. 



Museu do Tropeiro

12/05 a 23/05 – 8 às 17 horas, no Museu do Tropeiro 

EXPOSIÇÃO - A consultoria Estudos e Projetos em Patrimônio Cultural realizará uma exposição dos artefatos coletados nos sítios arqueológicos na região de Castro


Nenhum comentário: